A menina que plantava Palavras
L ia conhecia muitas palavras. Ela era filha de Bia, que lia de noite, escrevia de dia e relia de madrugada. Lia gostava das palavras. Ela havia aprendido com sua mãe que as palavras contavam, surpreendiam, acariciavam. O que Lia não sabia é que as palavras floresciam! Mas ela descobriu. Foi numa destas manhãs em que a gente levanta meio triste, meio sem sorriso, com poeirinha no olho sem saber por quê. A cabeça de Lia estava cheia de pensamentos. Muito cheia mesmo. Ela pensava na pombinha que beliscava restinhos na calçada, na sombrinha cor de sorvete de morango que havia visto na vitrine, nas luzes fortes das luminárias que piscavam na sua janela enquanto ela queria dormir. Lia pensava nos números do seu caderno de matemática, bem escondidinho no fundo da mochila – eles bem que podiam fugir pelo buraquinho do rasgado que ela não ia sentir falta! Lia pensou também em Bida e foi um pensamento ruim. Bida parecia ser mais amiga dos números do que a professora de matemática!! Lia