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Mostrando postagens de 2011

O homem que não era isto,nem aquilo

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Lia passeava com suas palavras quando, de repente, algo caiu bem em cima da   sua cabeça, vindo não sei de onde. Eram notas musicais. Mas não entraram pelo ouvido como a música ou o canto dos pássaros... Elas pesaram em seus ombros a ponto de envergarem o seu pescoço. Sim – eram mesmo pássaros. Não havia dúvida. Mas era um canto amargo, triste e cinza como uma prisão. - Prisão? Lia olhou para cima e descobriu – Eram pássaros presos em gaiolas na varanda de um apartamento!   Decidida, subiu correndo a escada e bateu na porta. - Toc, toc, toc... - Toctoctoc – mais apressada - TOCTOCTOC – apressada e nervosa. - TOCTOCTOC – apressada, nervosa E BATENDO FORTE. Atendeu um senhor. Não era alto nem baixo. Não era feio nem bonito, Nem gordo nem magro. Era como qualquer um. - Diga menina, o que deseja?   - O senhor tem pássaros nas gaiolas? - Ah! Os pássaros. Você os ouviu, não é? É um lindo canto. Gosta? Entre, pode escutar de perto. - Mas eu não quero escutar de pert

Uma palavrinha verde

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L ia está sempre buscando palavras novas. Algumas não são bem novas, apenas revisitadas. Outras, ela nem precisa procurar – esbarra nelas. Nem sempre estas palavras que andam soltas por aí, livres ao vento, prontas para serem esbarradas, são muito agradáveis para se encontrar. Não é possível saber se fugiram de alguma cabeça enlouquecida ou se caíram de outra, cheia de planos esquisitos e tolices desvairadas... Recentemente Lia, sem querer, esbarrou na palavra GANÂNCIA. Foi quando ela ficou sabendo de um grupo de pessoas que, sonhando com lucros e poder, pretendiam atravessar uma cidade verde com indústrias e carros. Eram os gananciosos: uma categoria de pessoas, completamente diferentes, que prometendo modernidade e crescimento com argumentos mirabolantes, influenciavam os mais crédulos, manipulando e enganando, para mais tarde conseguirem vantagens pessoais. L ia, que havia ficado muito amiga dos números, sabia que a ganância é o egoísmo elevado à décima potência, mas precisou p

A menina que plantava Palavras

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L ia conhecia muitas palavras. Ela era filha de Bia, que lia de noite, escrevia de dia e relia de madrugada. Lia gostava das palavras. Ela havia aprendido com sua mãe que as palavras contavam, surpreendiam, acariciavam. O que Lia não sabia é que as palavras floresciam! Mas ela descobriu. Foi numa destas manhãs em que a gente levanta meio triste, meio sem sorriso, com poeirinha no olho sem saber por quê. A cabeça de Lia estava cheia de pensamentos. Muito cheia mesmo. Ela pensava na pombinha que beliscava restinhos na calçada, na sombrinha cor de sorvete de morango que havia visto na vitrine, nas luzes fortes das luminárias que piscavam na sua janela enquanto ela queria dormir. Lia pensava nos números do seu caderno de matemática, bem escondidinho no fundo da mochila – eles bem que podiam fugir pelo buraquinho do rasgado que ela não ia sentir falta! Lia pensou também em Bida e foi um pensamento ruim. Bida parecia ser mais amiga dos números do que a professora de matemática!! Lia